segunda-feira, 25 de novembro de 2013


BEM ESTAR, MOVIMENTO HUMANO E SALUTOGENESE

 

Samuel Macêdo Guimarães[1]


 
Pensamos neste texto, clarificar a compreensão da relação entre bem estar, movimento humano e salutogenese. Termos que são condicionados a uma visão mais global, tentando empreender a tarefa em direção a pensar numa atitude mais ecosófica, ou seja: a relação entre o indivíduo, a tarefa e o ambiente em que se vive, de forma equilibrada e sustentada, nas múltiplas dimensões existenciais como sentido para empreender uma dinâmica humanizadora com uma perspectiva da saúde ambiental.

Nos anos sessenta, mudanças profundas na compreensão de mundo se estruturavam geradas pelo desejo de encontrar respostas para um novo vir-a-ser. Momento marcado, por exemplo, pelos Beatles. Uma alternativa de cultura musical, que demarca evolução nos movimentos de expressividade dos jovens da época. O ano de 1968 é um marco a ser considerado, como ponto de culminância, do aparecimento de novas formas de pensar o mundo.

Foi nesse período que o vocábulo paradigma, ganhou os seus quinze minutos de fama. Uma palavra que significa o sentido que se dá, ao próprio jeito de olhar e de pensar as coisas do mundo. Um Estilo de Pensamento, uma forma que traduz a concepção e o modo de agir diante dos fatos da vida, seja por ação ou omissão.

É nessa época, mais marcadamente, que no contexto da saúde se busca superar a relação de causa e efeito, contida no contexto do paradigma patogênico, no qual o conceito de saúde seria apenas ausência de doença e transforma-se progressivamente em busca de bem-estar.

Esta evolução na forma de pensar saúde, direciona a percepção a evidenciar as limitações do pensar patogenicamente a saúde como disfuncionalidade e doença, reveladas pela observação de incapacidades e sinais. Segue um curso funcional, compreende um novo conjunto de conhecimentos e revela a relação saúde, cidadania e ambiente.

Foi nesse contexto, de buscas de melhores respostas para a relação entre bem-estar, qualidade de vida, ser humano e cidadania que aparece o termo salutogenese. Salus, do latim, é saúde e gênesis, do grego, significa origens. A salutogenese vislumbra não a doença, mas os fatores que estimulam o cidadão permanecer com melhor saúde associada a bem-estar, assertividade, otimismo, autoestima, humor, poder da mente, entre outros.

Sendo esse o sentido que se desejaria na relação bem-estar, movimento humano e salutogenese, o caminho buscado deveria se apoiar em conhecer, questionar e organizar as formas de manter os indivíduos com saúde. Considera a subjetividade e o sentir-se bem consigo mesmo e com os outros uma responsabilidade relacional, demarcada pela habilidade de boa comunicação entre os atores sociais do contexto a ser vivenciado.

Por essa razão é que ao refletimos sobre a saúde no contexto do Estilo de Pensamento salutogênico, não devemos pensar em gestão da doença. A saúde não é apenas não estar doente, é muito mais do que não estar doente.

É nesse contexto que buscamos um espaço de coerência entre o Movimento Humano e a Saúde, considerando que quando o movimentar-se é consentido, torna-se prazeroso, produz bem-estar e consequentemente, desencadeia uma estrutura que organiza a salutogenese. Então temos as perguntas: Qual é a melhor forma de realizar as atividades físicas? Qual é o melhor exercício?

A resposta de tão simples que é, faz as pessoas continuarem a perguntar como se esperassem uma receita de bolo. A melhor forma de exercitar-se para obter salutogenese é aquela que te proporciona alegria, descontração, prazer. Quando é uma atividade consentida, não obrigatória, não imposta. Aquela que mais se gosta de fazer. Nesse sentido a resposta está dada. O bem-estar será um reflexo proporcional do seu livre consentimento no seu se movimentar no dia-a-dia.

Para ampliar mais a compreensão, seguem-se alguns aspectos que influenciam o conceito de salutogenese:

Resiliência - Nosso desenvolvimento pode ou não ser favorecido pelas escolhas que fazemos ao longo da vida, escolher bem exige autoconhecimento para cuidar melhor de si mesmo.

Exercício - Quase sempre é desnecessário comprar equipamentos para se movimentar, tudo depende da nossa vontade. É possível ter uma vida ativa – não sedentária – sem participar de espaços pagos. Caminhar, pedalar, jardinagem, dançar, subir escadas, faxina da casa, entre tantos outras atividades, podem ajudar.

Nutrição - Chama atenção para o uso adequado de alimentos. É preciso aprender a se alimentar visando saúde e não apenas preenchimento.

Água - Somos compostos em mais de setenta e cinco por cento de água. Este líquido é fundamental para manter a hidratação adequada.

Sol - Estratégia simples que está ao nosso dispor. O cuidado deve ser com a radiação solar, mas é preciso aprender a conviver com o Sol em alguns minutos diários e necessários.

Confiança - No âmbito da saúde mental permite-nos desenvolver relações sociais mais saudáveis. É gerada pela compreensão dos prós, contras e das circunstâncias. Às vezes é preciso ousar, noutras aguardar.

Equilíbrio - É uma constante recuperação do desequilíbrio, nos serve como bússola para captar os excessos. O caminho do meio é a melhor forma de manter uma atitude capaz de saber para que direcionamento seguir no momento de cada retomada.

Repouso - É um recurso que muitas vezes é negociado nas farmácias, deveria ser conseguido através de esforço próprio, dando espaço adequado para o ócio, meditação e atividades relaxantes. Quando adequado trará benefícios poderosos.

Ser capaz de - É algo que podemos ajudar a construir com ajuda dos outros, desenvolvendo também a nossa autoestima. Em nada nos será útil a procrastinação que nos impede de tomar as decisões necessárias ao nosso desenvolvimento.

Sentido de Coerência - As escolhas que fazemos na nossa existência requerem nexo, ânimo, conexão. É necessário assegurarmos a não-adoção de decisões baseadas em incertezas e cujas consequências são nitidamente indesejáveis. Podem ser resumidas como a capacidade de compreender o que acontece à nossa volta, de administrar os acontecimentos e de investir com empenho na própria vida, sem medo de ser feliz.

No mais, buscar sempre apreender e apreender com as próprias experiências assim como compartilhar com as experiências das pessoas ao nosso redor, nesse sentido apresento o termo compartilhar como algo que deve ser reflexionado sempre. Por essa razão compartilho este texto e deixo que cada pessoa por si mesma decida-se por uma atitude salutogênica, penso que vale a pena.




[1] Professor e Psicoterapeuta Corporal

Nenhum comentário:

Postar um comentário