quinta-feira, 30 de maio de 2013


REFLEXOS DE MUNDOS

 Samuel Macêdo Guimarães
 

Nossos corpos-no-mundo podem ser considerados como reflexos de mundos, vivenciados, curtidos, encantados no contexto das nossas próprias experiências.
 
Uma pausa...

Este tema merece, seguramente, a nossa atenção.
 
Reflexos de mundos são Espaços Tempos de Probabilidades e Possibilidades (ETPP) de percepções de infinitos matizes, incontáveis nuanças de corpos-no-mundo. Eles são as nossas escolhas, feitas de nossas intenções. Barro moldado da emoção de viver o dia-a-dia. Muitas vezes são conscientes. Em outras, não são.

Nossas escolhas são formas diferenciadas, quânticas, de ETPP. Elas nos conduzem a dimensões aonde, apesar das escolhas, quando as fazemos, muitas vezes não são sentidas em sua verdadeira profundidade. Mas viver é uma eterna surpresa.

Viver é então, a possibilidade do reencontro conosco mesmos, nos dimensionando em direção à eternidade, sempre aberta aos nossos interesses, sempre a espera de nosso empuxo de conexão necessária.

A surpresa constrói a dimensão da força renovadora, do encantamento que arrebata, em muitas vezes, a nossa alma, que precisa tanto do alimento da transcendência. Um holding de ETPP em direção a aventura de viver na forma de corpos-no-mundo.

Holding é o contexto sentido, baseado na Vivência Corporal, pela qual nos é permitido realizarmo-nos em meio aos diversos campos de experiências, nas suas diversas dimensões: Física, mental, emocional, psíquica e espiritual.

São reflexos de mundo, se transformam em mecanismos de sustentação que nos possibilita, nos situar, diante das Vivências Corporais, aprendendo a perceber nossa condição primeira, de estar diante de nós mesmos. Frente ao ser e ao não ser.

Através dos reflexos de mundo, estas construções de nós mesmos, transformadas pelo nosso holding de experiências, reconstroem a nossa experiência original e, por processo de autoconhecimento, estabelecemos a conexão necessária, para a comunicação integrada, de cada viagem que se realizará, do não ser em direção ao ser.

Este é o fundamento estruturante de um corpo-no-mundo mais real. Vivendo, lutando, amando. Sentindo a vida. Conectando nosso corpo-no-mundo, tendo por base nossas próprias entranhas. Fazendo e refazendo os processos que transformam nossos princípios de realidade em princípios de prazer.

A apresentação do mundo à nossa corporeidade ou de forma oposta a apresentação de nossa corporeidade ao mundo, se faz na Vivência Corporal. Um agora, que nos diz da eternidade, em forma de corpo-no-mundo, reflexo de mundo que conduz em direção à nossa pluralidade humana.

A apresentação do corpo ao mundo e/ou do mundo ao corpo é uma posição humana, investida de afetos por que somos o mundo. Uma vivência ética sem sombra de dúvidas, benéfica à vida humana. Uma ecologia corpo-no-mundo, definitivamente transformadora, para todas as situações em que viver é a única possibilidade. Morrer seria apenas a continuidade do processo.

Desta forma, o gesto que se dirige ao outro, em forma de reflexos de mundos, se for acolhedor, oferece ETPP para o processo de humanização da vida. Dá lugar para o outro habitar seu próprio desenho corporal, um holding de reflexos de mundos.

O gesto cria e depois recria a vida. Nossos reflexos de mundos são nossos saberes relacionados às nossas Vivências e Experiências Corporais. Saberes ampliados pelo conhecimento de nossos corpos-no-mundo, dos modos como a nossa vida acontece.

Nestes termos, nos tornamos seres com o sentido da esperança da presença Eu Sou. E como diz um mestre: a esperança é a memória do vivido que se torna memória do futuro. Não é por acaso que somos então, reflexos de mundos. E surge, enfim, uma pergunta chave: Que Reflexos de Mundos desejamos Ser?